One Last Prince

One Last Prince

Na manhã do dia 21 de abril 2016, Prince, que vinha lutando contra um resfriado há semanas, foi declarado morto após ser encontrado desacordado no elevador de sua casa, em Minnesota, ao norte dos Estados Unidos. Apesar dos primeiros socorros devidamente prestados, não foi possível reanimar o cantor, que já havia sido levado ao hospital no dia 15 em estado de emergência com desidratação severa.

Prince era seu nome real. Nascido em 7 de Junho de 1958, ele, que mais tarde se tornaria um ícone mundial, demonstrou interesse por música ainda muito jovem, escrevendo sua primeira letra com apenas 7 anos. Virtuoso e visionário, Prince se esforçou para crescer como um artista multi-instrumentalista. Seu primeiro disco foi lançado aos 19 anos, em 1978. Entitulado “For You”, o álbum conta com a performance de Prince em todos os instrumentos, em absolutamente todas as faixas. Com batidas de funk, rock e dance music, letras sexualmente provocativas e baladas de cortar o coração cantadas em falsete, esse seria o primeiro dos 39 álbuns que o artista lançaria ao longo de sua carreira.

Reconhecido como um músico extremamente talentoso e de capacidades incomuns, ele passou a viver atrás dos portões de Paisley Park, onde foi encontrado, e mantinha certo mistério sobre sua vida pessoal, além de uma política de restrição total a aparelhos que pudessem gravar imagem ou áudio. Após certa fama, Prince passou a evitar entrevistas, e preferia deixar a sua música falar por si. Em 1984, ele passou a se referir a sua banda como The Revolution, e com essa nova denominação lançou o álbum Purple Rain, que serviria de trilha sonora para um filme homônimo no qual atuaria.

Purple Rain, um musical caleidoscópico que é parte autobiografia, parte fantasia, veio para quebrar um pouco do mistério que cerca o cantor. O filme levou o mundo do cinema a loucura da mesma forma que a música. O disco vendeu mais de 13 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, mantendo por 24 semanas consecutivas o primeiro lugar na lista da Billboard. Ao filme restou um Brit Awards de “Melhor Trilha Sonora”, um Grammy de “Melhor Álbum Instrumental para Filme”, um Image Awards para a atuação de Prince, e um Oscar de “Melhor Canção Original”, em 1985. Prince, que já não era desmerecido, passou então a ocupar oficialmente um lugar no pódio ao lado dos demais gigantes pop dos anos 80, como Michael Jackson e Madonna.

Com apenas 57 anos, o cantor já havia cancelado duas performances esse mês por não estar se sentindo bem, e ainda tinha outros shows marcados da turnê “Piano & a Microphone”. Seu último álbum, HITnRUN, foi lançado em setembro de 2015 pelo Tidal, serviço de assinatura para distribuição digital de música. Sua música que marcou gerações, e seus quase 40 anos de carreira fizeram dele um dos artistas mais influentes de todos os tempos. Seu falecimento repentino abalou fãs e comoveu celebridades ao redor do mundo. As causas de sua morte ainda estão sendo apuradas.

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David Bowie: A ascensão de uma Estrela

David Bowie: A ascensão de uma Estrela

Com mais de 50 anos de carreira e tido como um dos artistas mais subversivos do século 20, David Bowie, que lutava há um ano e meio contra um câncer de fígado marcou gerações e construiu um legado. Apresentando trabalhos primorosos em todos os campos que lhe interessavam e se dispôs a atuar, Bowie serviu de inspiração para diversas manifestações artísticas e pessoais, se tornando um dos ícones do Glam Rock e sendo referenciado por outros famosos talentosos, como J.J. Abrams¹.

“Ele sempre fez o que quis fazer. E ele queria fazer do jeito dele, e queria fazer do melhor jeito. A morte dele não foi diferente de sua vida – um trabalho de arte. Ele fez Blackstar para nós, seu presente de despedida. Eu soube por um ano que isso seria dessa forma. Não estava, no entanto, preparado. Ele era um homem extraordinário, cheio de amor e de vida. Estará sempre conosco. Por agora, é apropriado chorar.”

Foram essas as palavras de Tony Visconti, amigo e produtor de David Bowie sobre a morte do cantor. Esse trecho, publicado na manhã desse fatídico dia 11 de janeiro não poderia ser mais pertinente à ocasião, e não está sendo fácil escrever sobre isso…

Bowie conseguiu resistir o suficiente para lançar seu último disco no dia 8 de janeiro, que nada coincidentemente corresponde também a data de seu aniversário. Aos recém completos 69 anos, ele vivia afastado dos holofotes e da mídia e havia sofrido seis ataques cardíacos nos últimos anos. Devido ao estágio avançado do câncer de fígado, de difícil recuperação por tratar-se de um diagnóstico complicado e quase sempre tardio, o cantor estava ciente de como seria seu fim e da assustadora proximidade do mesmo.

Blackstar, citado no trecho de Tony, é representado por uma estrela negra (★) e veio cercado de alegorias e referências à morte. É o vigésimo sexto CD do britânico, e menciona passagens da Bíblia e clássicos como “Laranja Mecânica”. No vídeoclipe do primeiro single homônimo ao disco, bastante aclamado pelos críticos, o cantor traz a imagem de um astronauta morto, facilmente referenciado ao eterno Major Tom sobre o qual fala a canção “Space Oddity“, de 1969, e que acaba sendo retratado também em outras obras do artista. Seu segundo single, “Lazarus“, entre representações mórbidas mais óbvias faz também uma clara analogia ao personagem bíblico Lázaro de Betânia, ressuscitado por Jesus Cristo no quarto dia após sua morte.

David Bowie viveu em arte, produzindo e inspirando-a. Apesar das debilidades da doença e do tratamento pesado, o cantor transformou sua passagem na saída de palco mais brilhante e comovente do mundo da música, dando um novo significado ao que é deixar a vida para entrar na história. Sua autenticidade e a capacidade de se reinventar sobrevivem como exemplos aos que não admitem ser enquadrados nos modelos tradicionais. E assim Bowie transcende, mais uma vez, com a certeza de que continuará influenciando gerações, deixando saudades e tornando-se uma estrela mais brilhante do ele mesmo supunha ser.

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¹ Na primeira temporada de Fringe (2008–2013), o personagem “David Robert Jones”, apresentado como um dos principais antagonistas da série faz referência a David Bowie e utiliza o nome de batismo do cantor. Na segunda temporada, “Thomas Jerome Newton” aparece como mais um dos vilões de um universo alternativo, sendo este o nome do personagem interpretado por Bowie no filme “The Man Who Fell to Earth“. O programa conta com produção, direção e roteiro de J.J. Abrams e é um super favorito de quem vos fala.

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