Educação Digital

Educação Digital

Diante da velocidade com que a era tecnológica se entranha na personalidade daqueles que participam desse mundo, nunca imaginei que haveria tanta deficiência pessoal no desenvolvimento de novos relacionamentos. Ao invés de expandir a capacidade de diálogo, o excesso de conectividade e exposição aos quais nos submetemos está transformando os mais assíduos em um bando de limitados. Essa falsa proximidade criada pelas redes sociais está derrubando as barreiras do bom senso em grande parte das pessoas. E infelizmente, a tendência é que isso piore caso não se admita a importância de uma orientação com relação ao comportamento na internet.

Quando um estranho te adiciona numa rede social e dá-se início a uma nova interação, é natural que assuntos dos mais diversos façam parte da conversa, mas (acredito que) existem limites para os temas dessa prosa. Você pode, mas não deve se dirigir a alguém que acabou de “conhecer” partindo do princípio que: se sua solicitação de amizade foi aceita, já existe entre vocês um nível de intimidade que obviamente ainda não foi alcançado e que pode até ser dada de cara por alguns, mas certamente não será dada por todos.

A cada novo contato é possível perceber essa falta de profundidade que acaba estimulando o desinteresse pelo próximo. Isso vai limando a vontade de conhecer pessoas novas, pois esse comportamento, que vem crescendo na internet, acaba sendo assimilado na vida fora das timelines. Indivíduos que poderiam utilizar a conectividade para expandir seus horizontes, alavancar seu conhecimento e seu vocabulário estão virando suas atenções para futilidades impensadas, como tentar manter um status irreal sobre a própria vida, ou propagando opiniões rasas e preconceituosas que consideram extremamente importantes apenas por serem as suas opiniões.

Assim como a educação sexual passou a ser uma necessidade de ensino nas escolas, afim de esclarecer aos jovens os cuidados e riscos de ter vida sexual ativa, há, hoje em dia, a necessidade de ensinamento de um tipo de conduta digital, mas, para todos. Algo que tente instruir pessoas de todas as idades a maneira adequada de se portar online. Por terem crescido em meio à revolução tecnológica, os mais vividos podem ter (ou não) alguma noção unindo sua experiência ao tradicionalismo aprendido na infância. Ainda assim, a esses, acredito que falte conhecimento adequado para educar seus filhos, nascidos imersos na era digital.

Quanto a essa conduta, não me refiro a criação de uma cartilha impositora ou a repressão das expressões pessoais, apenas ao desenvolvimento de um tipo de diretriz que pode ou não ser seguido por aqueles que a conhecem, da mesma forma com que o jovem que estudou educação sexual e teve “a conversa” com os pais tem liberdade para decidir se quer ou não usar camisinha quando num encontro sexual.

Para viver em sociedade exige-se um mínimo de respeito e ponderação que não vem sendo exercitados o suficiente. O excesso de acesso sem preparo está destruindo a percepção do que é pertinente e o que deve ser evitado no inconsciente coletivo. Está criando áreas nebulosas nos conceitos de certo e errado, dando (cedo demais) a pessoas socialmente imaturas a liberdade de dizer: “isso é aceitável porque é o que eu quero”. E essa prática deve ser combatida a bem da civilidade. O mundo mudou, mas os valores primários continuam os mesmos. Pesar as palavras antes de apertar o enter, o clássico “pense antes de agir” que com certeza alguém tentou te ensinar continuam valendo.

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