Poucos eventos na vida de uma criança são tão degradantes quanto resistir a provocações e confrontos físicos causados pelo bullying. Os efeitos deste trauma despertam manifestações psicológicas recorrentes ao longo da vida, independentemente da idade, raça ou nível intelectual. Redução de esforços na escola, a falta de participação em atividades que normalmente beneficiam e agradam, e até a autoexclusão fora do ambiente estudantil podem ser possíveis indicadores de que uma criança está sendo intimidada na escola. E esse é o pavor de muitos pais…
Nas sociedades, nada inspira mais medo do que uma ameaça terrorista. Crianças que sofreram com bullying já foram responsáveis por atos de retaliação física que causaram caos e morte. Esse inferno particular, na maior parte das vezes, (apenas) atrofia a vida de uma criança e nunca de fato se torna um risco aos demais. A capacidade de comunicação é reduzida, as vítimas tendem a colocar a culpa em si, mas nada disso reduz as proporções causadas pelo terror desse tipo de ato, que ainda é subestimado.
Quando a personificação do medo se torna a pessoa que senta do seu lado na escola, ou simplesmente passeia no mesmo ônibus que você, a compreensão da vítima fica ofuscada. A alegria é substituída por uma ansiedade grosseira que a deixa alheia ao mundo. Esse comportamento ocorre também quando a criança se vê diante de alguém com características semelhantes à de seu tirano, e aquele perfil em particular lhe soa como uma ameaça, quando não tratado, para o resto da vida.
E qual seria a mentalidade daquele que gera o bullying? As razões são, geralmente, complexo e ciúmes. O valentão da criança tem uma linha de raciocínio baseada em uma concepção errada do poder. Unindo isso a fatores psicológicos que raramente são identificados, aquele que agride vive cercado de todas as armas para fazer aquilo que lhe completa ou causa sensação de satisfação. O ato de intimidar e dominar estão disfuncionalmente ligados ao prazer, a valorização disso e o erro de compreensão desses valores passam uma sensação de segurança distorcida.
Mas, se por um mero segundo o terror causado soar como consensual ou deixar de incomodar a vítima, a reação do ditador pode causar mais traumas. O empenho do agressor faria do ato, uma arte. É agora que a necessidade crônica por saciedade psicológica torna-se um fator dominante na vida do valentão. Um pouco de terror ganha outras proporções. O descaso com o bem-estar dos colegas beira a natureza demoníaca, e isso é especialmente prejudicial nas crianças.
Embora dar fim ao assédio moral implique grande dificuldade e atenção por parte da escola e dos pais, existem formas de atenuar os efeitos já causados a vítimas e evitar que muitas outras participem dessa estatística. A escola deve proporcionar um ambiente onde ninguém pode ser feliz e progredir por meio da agressão, não se deve permitir que o bullying ataque a autoestima e a confiança, muito menos que mine a capacidade e o desenvolvimento de qualquer criança para o sucesso. Para a prosperidade dela mesma e daqueles que participarão de seu futuro…